sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A Figura de Inês de Castro


Quem era Inês de Castro


D. Inês Pérez de Castro era uma dama galega filha natural de D. Pedro Fernández de Castro, dito senhor da Guerra, grande senhor galego, primo direito de D. Pedro I, camareiro-mor de Afonso XI de Castela e de Aldonza Suárez de Valadares. Veio para Portugal em 1340, no séquito de D. Constança, noiva do infante D. Pedro.

A Formosa D. Inês, a quem chamavam o "colo de garça", impressionou D. Pedro, ao que parece desde os primeiros momentos, e assim nasceu o celebrado e desventurado romance entre os dois.

Diz Fernão Lopes na sua crónica do Rei D. Pedro I :

« que semelhante amor, qual el Rei Dom Pedro ouve a Dona Enes, raramente he achado em alguma pessoa»

D. Inês Pérez de Castro
Razões de ordem moral e política se levantaram contra o "grande desvairo". No amoroso, o parentesco entre eles ( D. Inês era prima em 2º grau de D. Pedro ), mas sobretudo ao facto de o rei ser casado. 

Quanto às razões políticas, a possibilidade, devida à ambição e influência da família castelhana Castro, de que os filhos da ligação poderem vir a subir ao trono de Portugal, em detrimento de D. Fernando, filho de D. Constança e de D. Pedro I.

Os amores de D. Pedro com D. Inês, começaram cedo logo com a chegada do séquito de D. Constança a Portugal. D. Afonso IV obrigou então Inês a retirar-se para Castela, aonde se conservou até à morte de Constança em começos de 1349. Todavia, logo que a princesa faleceu, D. Pedro fez regressar Inês de Castro, passando a viver com ela maritalmente e tendo dela quatro filhos, nascidos entre 1349 e 1354.

Talvez em 1351, tentou obter do Papa uma bula de dispensa que lhe permitisse o casamento com parente tão chegada. Não o conseguiu e alarmou D. Afonso IV e a alta nobreza cortesã que temia a interferência dos poderosos Castros castelhanos no jogo de influências da política portuguesa. Realmente parece não haver dúvidas que D. Pedro era um joguete nas mãos de Inês de Castro e dos seus parentes castelhanos.

O aspecto político do caso, teve desfecho espectacular na morte de D. Inês ( 7 de Janeiro de 1355 ), ordenada por D. Afonso IV, a conselho de Diogo Lopes Pacheco, Pedro Coelho e Álvaro Gonçalves. Quando subiu ao trono, em 1357, D. Pedro concluiu o capítulo da chacina de D. Inês com o castigo exemplar de dois dos ex-conselheiros do seu pai. 


Assassinato de Inês de Castro
É curioso assinalar dois rumos diferentes na história de Inês de Castro. Um coevo e popular, considerá-la-ia uma figura antipática e intriguista. Uma mulher perversa e intriguista era uma Inês de Castro. Outro de formação literária, ( Garcia de Resende, Camões, António Ferreira), apresenta-a como uma vítima inocente e infeliz.

( Dicionário de História de Portugal de Joel Serrão )

Assassinato de D. Inês

O rei Afonso IV decidiu então que a melhor solução seria eliminar Inês. Depois de alguns anos no Norte, Pedro e Inês haviam regressado a Coimbra e se instalado no Paço de Santa Clara. 

Mosteiro de Santa Clara
A 7 de Janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e, aproveitando a ausência de Pedro numa excursão de caça, enviou Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves e Diogo Lopes Pacheco para executar Inês. Os três se dirigiram ao Mosteiro de Santa Clara em Coimbra, onde Inês se encontrava, e degolaram-na. Tal facto, segundo a lenda, teria originado a cor avermelhada das águas que correm nesse local da Quinta das Lágrimas. 

A morte de Inês fez com que Pedro se revoltasse contra Afonso IV, que responsabilizou pela morte, e provocou uma sangrenta guerra civil. A rainha Beatriz interveio e, após meses de luta, a paz foi selada em Agosto de 1355.

Rainha póstuma

Coroação de Inês como Raínha
Pedro tornou-se o oitavo rei de Portugal em 1357. Em Junho de 1360, faz a famosa declaração de Cantanhede, legitimando os filhos ao afirmar que havia se casado secretamente com Inês, em 1354 "em dia que não se lembrava".

As palavras do rei e de seu capelão foram as únicas provas desse casamento.

O novo rei perseguiu os assassinos de Inês, que tinham fugido para Castela.

Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados (segundo a lenda, o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro, pelas costas, e assistiu à execução enquanto se banqueteava).

Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França. Mais tarde foi perdoado pelo rei no seu leito de morte.


Pedro mandou construir dois esplêndidos túmulos - os túmulos de D. Pedro I e de Inês de Castro - no mosteiro de Alcobaça, um para si e outro para onde trasladou os restos de sua amada Inês. 

É curioso assinalar dois rumos diferentes na história de Inês de Castro. Um coevo e popular, considerá-la-ia uma figura antipática e intriguista. Uma mulher perversa e intriguista era uma Inês de Castro. Outro de formação literária, ( Garcia de Resende, Camões, António Ferreira), apresenta-a como uma vítima inocente e infeliz.

( Dicionário de História de Portugal de Joel Serrão )

Tumulo de Inês em Alcobaça
A tétrica cerimónia do beija mão, tão vívida no imaginário popular, provavelmente foi inserida nas narrativas do final do século XVI, depois de Camões descrever, no Canto III de Os Lusíadas, a tragédia da linda Inês, fazendo referência à "mísera e mesquinha, que depois de ser morta foi rainha". 

Juntou-se a Inês em 1367 e os restos de ambos jazem juntos até hoje, frente a frente, para que, segundo a lenda "possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final".


sábado, 24 de agosto de 2013

Raínhas de Portugal - Dinastia de Aviz


D. Filipa de Lencastre ( Phillipa Plantagenet, Duchess of Lancaster ) - D. João I

Rainha de Portugal, nasceu em Leicester em 1359, era filha primogénita de João de Gaunt ( John of Gaunt ), filho do rei Eduardo III de Inglaterra e de D. Branca de Lencastre,( Blanche of Lancaster ) duques de Lancaster. Casou a 2 de Fevereiro de 1387 com D. João I, na Sé do Porto. D. Filipa era irmã de Henrique IV de Inglaterra. Faleceu de Peste Negra em Odivelasem 19 de Julho de 1415. 

Educada em Inglaterra, numa das propriedades rurais de seu pai, pouco se sabe da sua vida até aos 26 anos. Em 1386 embarcou com seu pai, sua madrasta e sua irmã, D. Isabel, para Castela, sendo então prometida a D. João I, rei de Portugal. Deste casamento nasceram oito filhos, descendência essa que
ficou conhecida como a "ínclita geração".

Foi uma rainha generosa e amada pelo povo. Os seus filhos que chegaram à idade adulta seriam lembrados como príncipes cultos e respeitados em toda a Europa.

D. Filipa nunca se desligou dos hábitos ingleses e, por sua influência, novos costumes se introduziram na corte portuguesa, o que viria a manifestar-se na conduta, na formação moral e até na actividade literária de seus filhos D. Duarte, D. Pedro, D. Henrique e D. Fernando. D. Filipa promoveu sempre o fortalecimento das relações comerciais, políticas e diplomáticas com Inglaterra, sendo já o seu casamento, aliás, um contributo para a consolidação da aliança luso-britânica, estabelecida em 1372. Incitou a fidelidade de Portugal ao papa, acompanhando e interessando-se igualmente pela preparação dos planos para a conquista de Ceuta. ( Leia-se Os filhos de D. João I de Oliveira Martins )

Morreu de peste em Odivelas, nas vésperas da partida para Ceuta, não sem antes entregar a cada um dos infantes, D. Duarte, D. Pedro e D. Fernando, uma espada, com a qual viriam a ser armados cavaleiros por seu pai, D. João I. Foi sepultada em Odivelas, e posteriormente, trasladada para o mosteiro da Batalha, para a Capela do Fundador.

D. Leonor de Aragão - D. Duarte 

Rainha de Portugal, nasceu em 2 de Maio de 1402, filha de Fernando I, rei de Aragão e da Sicília, tornou-se rainha de Portugal pelo seu casamento com D. Duarte, que se celebrou emCoimbra, em 1428. Foi seu irmão, D. Afonso V de Aragão, quem tratou do consórcio, já que nele via a maneira mais eficaz de ligar solidamente as casas reais de Aragão e Navarra e de Portugal.

D. Leonor apoiaria seu marido, D. Duarte, em todo o seu reinado, e, aquando da tomada de decisão sobre a continuação da expansão portuguesa no norte de África, manifestou-se a favor desta empresa,
intercedendo mesmo junto de D. Duarte para que a expedição a Tânger tivesse lugar. D. Duarte tinha-a, de facto, como boa conselheira e uma prova da sua afeição por Leonor, reside no facto de lhe dedicar o Leal Conselheiro, num prefácio dirigido "à muito prezada e amada Rainha e Senhora". Faleceu em Toledo em 19 de Fevereiro de 1449.

Teve 8 filhos: Branca, Afonso, D. Duarte, Pedro, Henrique e Isabel, Fernando e João,

D. Duarte faleceu cedo (1438), deixando então D. Leonor como regente do reino, até D. Afonso V atingir a maioridade. Esta disposição gerou, contudo, grande controvérsia no reino, já que a opinião pública considerava os infantes D. Pedro, D. Henrique e D. João mais capazes de governar. D. Leonor manteve-se, no entanto, como regente até 1440, assinando os actos régios como "a triste rainha", ano em que foi substituída pelo infante D. Pedro, acabando por ser afastada da corte, e exilando-se então em Espanha, vindo a falecer em Toledo. Teve 8 filhos: João, Filipa, D. Afonso V, Leonor, Duarte, Joana, Catarina e Fernando.

D. Isabel - D. Afonso V 

D. Isabel, Rainha de Portugal, também chamada de D. Isabel de Lancastre, D. Isabel de Avis ou mais modernamente, no estrangeiro, D. Isabel de Coimbra; Nasceu em Évora em 1402 e faleceu em 2 de Dezembro de 1455, rainha de Portugal, filha do Infante-Regente D. Pedro, Duque de Coimbra e de sua mulher a princesa D. Isabel de Aragão, condessa de Urgel, filha do rei Jaime II de Aragão. Casou em 6 de Maio de 1447 com o seu primo direito D. Afonso V.

A rainha D. Isabel viveu desde a infância um belo caso de amor com o seu rei e primo, junto de quem foi criada na corte de seu pai, o regente, e que lhe retribuía com fervor essa afeição. Sofreu cruel
desgosto com a intriga urdida pelo 1º Duque de Bragança contra seu pai, que veio a culminar na Batalha de Alfarrobeira, não tendo este incidente no entanto diminuído a afeição e confiança absoluta existentes entre o Rei e a sua Rainha.Teve 3 filhos: João (1451-1452), Joana (1452-1490) e D. João II (1455-1495). 

Antes de morrer, a rainha D. Isabel de Aviz vai obter do rei e marido o arrependimento pelo tratamento dado aoInfante das Sete Partidas, cuja desgraça causara espanto, escândalo e consternação na Europa de 1449. A reabilitação da memória de D. Pedro ficou manifestada nas grandes cerimónias, ordenadas por D. Afonso V, na trasladação processional do corpo do Infante assassinado, pois este deslocava-se para a corte, obedecendo ao chamado do rei, acompanhado apenas de uma pequena comitiva e não armados para a guerra

Da humilde igreja de Alverca, onde por caridade o haviam sepultado em segredo, sob os degraus de pedra da entrada, alguns pescadores do rio Tejo, para Sta. Maria da Vitória da Batalha, junto de seus pais e irmãos. Ali, na Capela do Fundador, jaz também D. Isabel e seu marido, pais, filhos e netos, por ser esta o panteão da Dinastia a que todos

D. Leonor de Lencastre - D. João II 

Casou em 16 de Setembro de 1473. Nasceu a 2 de Maio de 1458 e faleceu em Xabregas, Lisboa, em 17 de Novembro de 1525. Filha do infante D. Fernando (irmão de D. Afonso V) e de D. Beatriz, casou aos 12 anos com o seu primo o futuro rei D. João II, então com15 anos, tornando-se assim rainha de Portugal. Desse casamento nasceu o príncipe D. Afonso, que nasceu em 1475 e morreu de acidente, numa queda de cavalo, em 1491.

Em 1476, ficou como regente do reino, por D. João II ter de se ausentar em defesa de seu pai em Castela. O facto de o seu filho D. Afonso ter morrido cedo levou a que D. João II pretendesse pôr no trono o filho bastardo (D. Jorge), levando D. Leonor a defender os interesses de seu irmão, D. Manuel,
na sucessão.

D. Leonor de Lencastre , destacava-se, pela formosura, inteligência e, sobretudo, pelo muito que sofreu e pelo bem que espalhou, Dona Leonor, a fundadora das Casas de Misericórdias, filha do Duque de Viseu, Dom Fernando, Grão Mestre de Aviz, e Grão Mestre de Santiago; neta Del Rei, Dom Duarte e duas vezes bisneta de Dom João I, Dona Leonor, a "Rainha dos sofredores", era de temperamento muito diverso do seu real consorte. Ela, linda e faceira, era impressionantemente bondosa. Tinha a fisionomia suavíssima, marcada pelos olhos azuis e cabelos louros, herdados de sua bisavó, Dona Filipa de Lencastre

Voltou a ser regente do reino em 1498, já durante o reinado de D. Manuel. Data desse período a criação dasMisericórdias, obra social que cresceu rapidamente e se espalhou por todo o reino. Deve-se-lhe também a construcção doHospital das Caldas que recebeu o nome de Caldas da Rainha (em sua homenagem) e o título de vila (1511). Foi também grande protectora e impulsionadora das artes e letras em Portugal. Fundou ainda os conventos da Madre de Deus e da Anunciada e a igreja de Nossa Senhora da Merceana.

Faleceu em Lisboa, tendo sido sepultada no convento da Madre de Deus. em campa rasa, ao lado da sua irmã, a Duquesa de Bragança.

D. Isabel de Aragão e Castela - D. Manuel I

Rainha de Portugal e primeira esposa de D. Manuel I. Nasceu em Dueñas a 2 de Outubro faleceu de parto em Saragoça em 28 de Agosto de 1498. Filha dos Reis Católicos espanhóis (Fernando e Isabel), veio para Évora em 1479 como caução por parte da vizinha Espanha no tratado das Terçarias de Moura. Aí casou em 1490 com o príncipe herdeiro de Portugal, D. Afonso, filho de D. João II.

Viúva em 1491, por morte de D. Afonso num acidente em Almeirim, voltou a casar, em 1497, com D. Manuel I quando este sucedeu a D. João II, colocando o casamento condições que obrigavam o monarca português a expulsar os judeus do país. Ambos foram jurados herdeiros dos tronos de Castela e Aragão (1498).

D. Isabel viria a morrer ao dar à luz o primogénito, D. Miguel da Paz, que, no próprio dia do nascimento, foi reconhecido e aclamado como herdeiro desses reinos e do de Portugal. O herdeiro, porém, viria a falecer com menos de dois anos de idade, pondo termo às esperanças de uma união ibérica.

D. Maria de Aragão - D. Manuel I

D. Maria de Aragão e Castela ou D. Maria de Trastâmara y Trastâmara Nasceu emCórdoba a 29 de Junho de 1482 , e faleceu em Lisboa a 7 de Março de 1517. Foi foi uma princesa aragonesa, segunda esposa de D. Manuel I, a qual viria a ser rainha de Portugal desde1501 até à sua morte.

Maria era filha dos Reis Católicos, Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão.

Teve quatro irmãos, entre os quais Joana a Louca, rainha de Castela, e Catarina de Aragão, esposa de
Henrique VIII de Inglaterra (da qual o rei inglês se virá a querer divorciar e que estará na origem da separação da Igreja Anglicana da Católica Romana), e ainda Isabel de Aragão(esposa do príncipe Afonso de Portugal e primeira mulher de D. Manuel I).

A morte desta última, em 1498, durante o parto do seu filho, levou a que D. Manuel, numa política de aproximação entre as duas casas reais peninsulares, se viesse a consorciar com a sua irmã Maria em 30 de Agosto de 1500, tendo aí iniciando-se uma ligação dinástica com a Espanha tão profunda que, em última análise, estará na origem dos acontecimentos de 1580.

D. Maria faleceu em 1517, com apenas 35 anos, de causas naturais. Foi sepultada na Madre de Deus, donde foi trasladada para o mosteiro de Belém.Casou com D. Manuel I em 1500. Teve dez filhos, entre os quais D. João III e o cardeal D. Henrique, que foram reis de Portugal, e D. Isabel de Portugal, que casou com o imperadorCarlos V.

D. Leonor de Áustria - D. Manuel I 

Rainha de Portugal, nasceu a 15 de Novembro de 1498 e faleceu em Talavera a 25 de Fevereiro de 1558, era filha de Filipe, o Belo, e de Joana, a Louca. D. Leonor foi educada na corte de seu irmão,
Carlos V, tornando-se, em 1519, a terceira mulher do rei D. Manuel I. Desse matrimónio nasceram o infante D. Carlos, que morreu cedo, e a infanta D. Maria.

Em 1521, ficou viúva de D. Manuel e, em consequência do tratado de Madrid (1526) e do de Cambray (1529), casou com Francisco I de França, no ano de 1530. Após a morte deste, em 1547, regressou aos Países Baixos, para junto de seu irmão Carlos V, morrendo uns anos mais tarde (1558) em Talavera. Foi sepultada no mosteiro do Escorial.




D. Catarina de Áustria - D. João III 

Rainha de Portugal, nasceu em 14 de Janeiro de 1507 e faleceu a 14 de Fevereiro de 1578. Era filha de Joana, a Louca, rainha de Espanha, e de Filipe, o Belo, arquiduque da Áustria e Duque da Borgonha. Casou com D. João III, em 5 de Fevereiro de 1525. Era neta dos reis católicos de Espanha, D. Fernando e D. Isabel, e irmã de Carlos V. Teve papel activo nos negócios do reino, participando nos
conselhos de estado e exercendo influência sobre seu marido.

Em 1557, após a morte de D. João III, tornou-se regente do reino e responsável pela educação do neto, D. Sebastião.

Abandonou a regência em 1562, passando Portugal a ser reinado pelo cardeal-rei D. Henriqueaté aos 14 anos de D. Sebastião. Continuou, porém, a intervir na educação do futuro rei.

Os conflitos entre avó e neto foram em grande número, dada a oposição de D. Catarina aos projectos de D. Sebastião para o norte de África. Recolheu-se ao Paço de Xabregas, morrendo meses antes da batalha de Alcácer Quibir. Foi fundadora de diversos mosteiros e igrejas.



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Isabel de Portugal - Rainha e Imperatriz



D. Isabel de Portugal 

Rainha de Espanha e Imperatriz da Alemanha 

Infanta de Portugal, rainha de Espanha e imperatriz da Alemanha pelo seu casamento comCarlos V, era filha de D. Manuel I e de D. Maria. Casou em 1526 e, entre os seus filhos, contava-se o futuro Filipe II (I de Portugal). 

Inteligente e de grande beleza física, como o mostra o belíssimo quadro de Ticiano, esta filha de D. Manuel I e neta dos reis católicos, integrou-se perfeitamente no seu papel de rainha, e foi regente de

 
Isabel de Portugal Rainha e Imperatriz
Espanha entre 1528 e 1533 e, mais tarde, entre 1535 e 1538, quando Carlos V se encontrava ausente por motivo de guerras. Assinou, em 1529, o tratado com Portugal sobre as ilhas Molucas.

Tendo morrido de parto em Granada a 19 de Julho de 1539, foi perante o seu cadáver que o duque de Gandia, depois São Francisco de Borja, valido de Carlos V e futuro vice-rei da Catalunha, impressionado pela morte da bela rainha, se decidiu a optar por uma vida religiosa, ingressando na Companhia de Jesus. Inicialmente sepultada em Granada, foi transladada para o Panteão do Escurial em 1574

A princesa casou-se em Almeirim por procuração, em 1 de novembro de 1525, com o seu primo Carlos, representado pelo embaixador Carlos Popeto; e partiu em janeiro de 1526 rumo a Elvas com grande e rica comitiva, dai prosseguindo a viagem em liteira até a fronteira do Caia. Aí, montada em linda égua branca esplendorosamente ajaezada, e com luzido e fidalgo acompanhamento, foi ao encontro da embaixada castelhana que a vinha buscar, encabeçada pelos duques de Calábria e de Béjar e pelo arcebispo de Toledo. 

Escudo de armas de Isabel de Portugal
Passada a fronteira, seguiu para Sevilha onde se encontrava o marido, ali se repetindo solenemente as bodas imperiais nos paços chamados de Reales Alcázares, em Março de 1526. Foi um casamento feliz, pois os noivos se apaixonaram apenas se conheceram, e se isolaram do mundo prolongando uma lua-de-mel que não parecia querer acabar, e apenas terminaria quatorze anos depois, de facto, pela morte da imperatriz.

Deslumbrado com a sua beleza, Carlos V deu-lhe ao casar por nova divisa as três graças, tendo a primeira delas a rosa, símbolo da formosura; a segunda o ramo de murta, símbolo do amor; e a terceira, a coroa de carvalho, símbolo da fecundidade, além do mote.

Na corte castelhana em Toledo, a imperatriz D. Isabel preferiu viver sem se ocupar com política, quase sempre no seu oratório ou convivendo com as numerosas damas portuguesas que a haviam acompanhado até Castela, vigiando as amas dos seus numerosos filhos. 

Ao morrer de sobreparto, catorze anos depois de casada, Carlos V tanto se comoveu com a sua perda que no convento de S. Justo, onde se recolheu durante o luto pesado da viuvez, passava horas a contemplar o seu retrato mais emblemático, pintado por Ticiano.



terça-feira, 20 de agosto de 2013

A Figura de São Nuno Álvares Pereira


D. Nuno Álvares Pereira

D. Nuno Álvares Pereira nasceu em 1360, em local que não é fácil determinar, embora Cernache de Bonjardim e Flor da Rosa sejam os mais citados. Morreu em Lisboa no Convento do Carmo em 1431. Era filho do Prior da Ordem do Hospital e de Maria Gonçalves do Carvalhal. 

É uma das figuras mais famosas da nossa história, apontada sempre como modelo de virtudes cívicas e religiosas, um dos raros nomes que unanimemente é costume identificar com a própria existência nacional. A imagem de Nuno Álvares familiar a todos os portugueses, assenta em dois depoimentos do século XIV, o de Fernão LopeLopes e o do anónimo da Crónica do Condestrabe. É também essa imagem que reaparece modernamente na prosa sedutora de Oliveira Martins.



É uma das figuras mais famosas da nossa história, apontada sempre como modelo de virtudes cívicas e religiosas, um dos raros nomes que unanimemente é costume identificar com a própria existência nacional. A imagem de Nuno Álvares familiar a todos os portugueses, assenta em dois depoimentos do século XIV, o de Fernão

Foi, na verdade um extraordinário chefe guerreiro, embora se tenha apreciado de diversas maneiras a originalidade das tácticas que empregou. Talvez que essa originalidade na esteja na disposição da hoste para o combate, na utilização da cavalaria apeada e dos arqueiros, mas antes na intuição de que era necessário pôr de lado a velha e lenta maneira de cercar praças, conquistar castelos, negociar e arremeter, em interminável série de recontros, e escolher, em vez disso, a posição e o momento apreciado para decidir de um só golpe a situação.

Foi largamente recompensado em doações de terras, privilégios e honrarias por D. João I, de tal forma que o cronista lhe chamou «o segundo braço da defensão do reino». Tamanha grandeza social, chocou depois contra as tendências políticas e administrativas da Europa do seu tempo e provocou depois vários conflitos sobre jurisdições e domínios que tinham sido doados pelo rei. Em 1423, entra na Ordem dos Carmelitas, humilde e pobre, como desprendido de tudo.

Foi beatificado em 1918. D. Nuno Álvares Pereira foi canonizado como São Nuno de Santa Maria pelo papa Bento XVI às 9h 33min (hora dePortugal) de 26 de Abril de 2009.

( Dicionário de História de Portugal - Joel Serrão )

Guerra com Castela:


1ª Fase - 1384 Cerco de Lisboa e batalha dos Atoleiros ( Alentejo )17.000 a 19.000 combatentes do lado castelhano. Cerca de 7.000 combatentes pelo lado português.

2ª Fase - 1385 Trancoso, Valverde e a grande batalha de Aljubarrota, 14 de Agosto de 1385.

3ª Fase - 1396-97 Escaramuças pouco importantes. A paz foi assinada em 1432.

( A.H. Oliveira Marques - História de Portugal )


Camões imortaliza D. Nuno Álvares Pereira, no Canto IV, estrofe XIV dos Lusíadas:
« Mas nunca foi que este erro se sentisse
No forte Dom Nuno ; mas antes,
Posto que em seus irmãos tão claro o visse,
Reprovando as vontades inconstantes,
Àquelas duvidosas gentes disse,
Com palavras mais duras que elegantes,
A mão na espada, irado e não facundo,
Ameaçando a terra, o mar e o Mundo:
Nuno Álvares Pereira foi beatificado aos 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV, que consagrou o dia 6 de Novembro ao, então, beato. Iniciado em 1940, o processo de canonização foi posteriormente interrompido e, em 2004 reiniciado.

No Consistório de 21 de Fevereiro de 2009 - acto formal no qual o Papa pediu aos Cardeais para confirmarem os processos de canonização já concluídos -, o Papa Bento XVI anunciou para 26 de Abril de 2009 a canonização do Beato Nuno de Santa Maria, juntamente com quatro outros novos santos.

Foi canonizado como São Nuno de Santa Maria pelo papa Bento XVI às 9h 33min (hora de Portugal) de 26 de Abril de 2009.O processo referente a Nuno Álvares Pereira encontrava-se concluído desde a Primavera de 2008, noventa anos após sua beatificação.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A Figura de Luis Vaz de Camões

A Figura de Luis Vaz de Camões

Luís Vaz de Camões (N. c. 1524/25, Lisboa -- M. a 10 de Junho de 1580, Lisboa), o maior poeta português de sempre, autor do poema épico OsLusíadas (1572), que descreve a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama.

 Camões teve um impacto permanente e sem paralelo na literatura portuguesa e brasileira, devido a não só ao seu poema épico mas também à muita poesia lírica publicada posteriormente. Os Lusíadas são um poema épico escrito em 10 Cantos, em oitava rima e com 1.102 estrofes.

Dia de Portugal- 10 de Junho 

O dia da morte de Luís de Camões , dia 10 de Junho, é actualmente festejado como o Dia de Portugal. Sendo um pais de grandes guerreiros, navegadores e conquistadores, Portugal comemora o seu dia nacional homenageando um poeta, o que talvez seja único na história mundial.

A Vida de Luís de Camões (Tradução da Enciclopédia Britânica)

Há muito pouca informação válida sobre Luís de Camões. A sua biografia baseia-se principalmente em três fontes principais:

A ) - Informações dos seus biógrafos do século XVII

b ) - Alguns documentos descobertos no século XIX

C ) - Interpretações abstractas ( algumas cronologicamente incertas ) da sua própria vida descrita por ele nos seus trabalhos.

Supõe-se que Camões nasceu em Lisboa, de ascendência galega, entre 1524 e 1525., quando a expansão portuguesa no Oriente estava no seu auge. A tradição diz que Camões estudou em Coimbra, mas embora isso nunca tenha podido provar-se, não deixa de ser verdade que pouco poetas Europeus tinham na altura um conhecimento de cultura clássica e filosófica que se pudesse comparar à de Luís de Camões.

Luis Vaz de Camões

Supõe-se também que serviu como soldado em Ceuta, em 1550, aí perdendo um olho. Em 1552, de regresso a Lisboa, esteve preso durante oito meses por ter ferido, numa rixa, Gonçalo Borges, um funcionário da corte. Data do ano seguinte a referida "Carta de Perdão".

Nesse mesmo ano, segue para a Índia. Nos 17 anos seguintes, serviu no Oriente, ora como soldado, ora como funcionário, pensando-se que esteve mesmo em território chinês, onde teria exercido o cargo de provedor dos defuntos e ausentes, a partir de 1558. 

Em 1560 estava de novo em Goa, convivendo com algumas das figuras importantes do seu tempo (como o vice-rei D. Francisco Coutinho ou Garcia de Orta). Em 1567 iniciou o regresso a Lisboa. No ano seguinte, o historiador Diogo do Couto, amigo do poeta, encontrou-o em Moçambique, onde vivia na penúria; juntamente com outros antigos companheiros, conseguiu o seu regresso a Portugal, onde desembarcou em 1570.

Dois anos depois, D. Sebastião concedeu-lhe uma tença, recompensando os seus serviços no Oriente e o poema épico que entretanto publicara - Os Lusíadas. Camões parece que morreu a 10 de Junho de 1580 - ao que se diz, na miséria. No entanto, é difícil distinguir aquilo que é certo, e aquilo que é mito e lenda romântica, criados em torno da sua vida.

Trabalhos Literários

Os trabalhos poéticos de Camões podem ser divididos em três categorias : lírico, épico e dramático

A primeira edição das Rimas de Camões foi publicada em 1595, 15 anos depois da sua morte. O editor,Fernão Rodrigues Lobo Soropita, teve um imenso cuidado em reunir os poemas dos manuscritos, mas mesmo assim não pode evitar introduzir alguns poemas apócrifos. 

Estátua de Camões
A imensa fama dos épicos de Camões durante o século XVII também ajudaram a lançar as líricas à fama, e nesse mesmo esforço, não sempre recompensado, foram aparecendo mais poemas. Proeminente nesta tarefa, mas numa maneira condenada pela crítica moderna, foi Manuel de Faria e Sousa. Mesmo no século XIX, o Visconde de Juromenha acrescentou a já abundante colecção de poemas líricos, introduzindo na sua edição de 1860-69 muitos poemas dos manuscritos, que ainda não estavam estudados.


Como resultado os sonetos aumentaram de 65 na primeira edição para 352 na edição de Juromenha; o número total de poemas, incluindo sonetos, sextetos, odes, octetos, e as formas portuguesas conhecidas como canções, redondilhas, motos, esparsas, e glosas aumentaram de 170 na primeira edição para 593 em 1860. 

Com os trabalhos de Wilhelm Storck e Carolina Michaelis de Vasconcelos nos finais do século XIX e começos do século XX, começou uma reacção critica que levou a eliminação de muitos poemas apócrifos. 

Condensado da informação da Enciclopédia Britânica

Obras de Camões

Da obra de Camões, foram publicados, em vida do poeta, três poemas líricos, o poema épico Os Lusíadas, e foram representadas as peças teatrais Comédia dos Anfitriões, Comédia de Filodemo e Comédia de El-Rei Seleuco. 

As duas primeiras peças foram publicadas em 1587; a terceira, apenas em 1645, integrando o volume das Rimas de Luís de Camões, compilação de poesias líricas antes dispersas por cancioneiros, e cuja atribuição a Camões foi feita, em alguns casos, sem critérios rigorosos. Um volume que o poeta preparou, intitulado Parnaso, perdeu-se.

Na poesia lírica, Camões concilia a tradição renascentista (sob forte influência de Petrarca, no soneto) com alguns aspectos maneiristas; noutras composições, aproveita elementos da tradição lírica nacional, numa linha que vem já dos trovadores e da poesia palaciana, de que são exemplo as redondilhas.

Camões lendo os Lusíadas ao Santo Ofício
É no tom pessoal que confere às tendências de inspiração italiana e na renovação da lírica mais tradicional que reside parte do seu génio. Nos temas, da reflexão moralista sobre o desconcerto do mundo à intensa expressão do sentimento amoroso, tem-se procurado solução para as muitas lacunas em relação à vida e personalidade do poeta - como é o caso da sua relação amorosa com Dinamene, uma amada chinesa que surge em alguns dos seus poemas, ou de outras composições, que ilustram a sua experiência da guerra e do Oriente.

No entanto, foi com Os Lusíadas que Camões, embora postumamente, alcançou a glória. Poema épico, seguindo os modelos clássicos e renascentistas, pretende fixar para a posteridade os grandes feitos dos portugueses no Oriente. 

Aproveitando a mitologia greco-romana, fundindo-a com elementos cristãos o que, à época, e mesmo mais tarde, gerou alguma controvérsia - Camões relata a viagem de Vasco da Gama, tomando-a como pretexto para a narração da história de Portugal, intercalando episódios narrativos com outros de cariz mais lírico, como é o da "Linda Inês".

Túmulo de Camões nos Jerónimos
Os Lusíadas vieram a ser tidos como o grande poema épico nacional; toda a obra de Camões, de resto, influenciou a posterior literatura portuguesa, de forma particular durante o romantismo, que criou muitos dos mitos ligados à sua vida, mas também noutras épocas; alguns escritores e pensadores realistas colaboraram na preparação das comemorações do terceiro centenário da sua morte, pretendendo que a figura de Camões permitisse uma renovação política e espiritual de Portugal.

Amplamente traduzido e admirado, é a figura cimeira da língua e da literatura portuguesa.

MAIORES TRABALHOS

Poesia: Os Lusíadas (1572; Traduzido para inglês como "The Lusiads", por Sir Richard Fanshawe, 1655);Rimas de Luís de Camões 1595; ( Traduzido para inglês como "Camoens: The Lyricks", por Richard Burton, 2 vol., 1884).

PEÇAS TEATRAIS

Anfitriões e Filodemo, em Primeira Parte dos Autos e Comédias Portuguesas, por António Prestes, Luís de Camões, e (1587); El Rei-Seleuco, em Rimas (1645).

EDIÇÕES

As edições dos trabalhos de Camões em Português e em outras línguas contam-se por centenas, e a sua bibliografia é imensa. A edição mais moderna de Os Lusíadas de Camões na língua original é de Augusto Epifânio da Silva Dias, Os Lusíadas, 2 vol. (1916-18). A melhor edição contemporânea das líricas é de J. da Costa Pimpão, Rimas, ed. (1961). A tradução para inglês mais moderna dos Lusíadas, é "The Lusíadas of Luiz de Camõens "(1950) por Leonard Baon.

BIBLIOGRAFIA

Biografias. Friedrich Wilhelm Storck, tem uma biografia monumental de Camões, "Luis de Camoens Leben" (1890). Em inglês, temos de Aubrey F.G. Bell, Luis de Camões (1923); em português uma das melhores é a de António Salgado, Jr.'s, Obra Completa (1963).

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

1385 - Batalhas pela Independêmcia


Batalha dos Atoleiros

A Batalha dos Atoleiros ocorreu a 6 de Abril de 1384, no actual município português deFronteira no distrito de Portalegre, a cerca de 60Km da fronteira com Castela, entre as forças portuguesas, comandadas por Nuno Álvares Pereira, e uma expedição punitiva castelhana, enviada por João I de Castela, junto da povoação do mesmo nome no Alentejo.

D. Nuno Álvares Pereira, chefe militar português que tinha sobre o seu comando uma força de 1.200 homens de pé, dos quais 100 besteiros e 300 lanças (cavalaria ligeira e pesada). As forças castelhanas invasoras, contam com um efectivo de aproximadamente 5.000 homens

Por esta altura Nuno Álvares Pereira tinha sido nomeado pelo Mestre de Avis como fronteiro do Alentejo, temendo a entrada em Portugal do exército castelhano por aquela zona. Partindo de Lisboa, D. Nuno aumentou o número dos seus homens pelo caminho e aproximou-se do exército inimigo que intentava cercar Fronteira.

Mais numerosos e conscientes que D. Nuno os iria interceptar, os castelhanos enviaram um emissário ao chefe do exército português, tentando dissuadi-lo. Perante a recusa dos portugueses, o exército castelhano dirigiu-se ao seu encontro. O exército português já os aguardava,formando um quadrado, com a maioria das lanças na vanguarda; nas alas e retaguarda estavam os peões misturados com algumas lanças. Os castelhanos atacaram com a cavalaria, que foi contida pelas lanças e virotões, o que gerou grande desordem. A batalha durou pouco, tendo sofrido o exército castelhano pesadas baixas.


Batalha dos Atoleiros
As tropas castelhanas, que depois de desorganizadas foram tomadas pelo pânico e começaram a fugir em todas as direcções, sendo perseguidas ao longo de todo o resto do dia pelas forças de D. Nuno Alvares Pereira, que lhes deu caça até à distância de cerca de sete quilómetros do local da batalha. A batalha dos Atoleiros, constituiu na Península Ibérica a primeira e efectiva utilização das novas técnicas de defesa de forças de infantaria em inferioridade numérica perante uma cavalaria pesada muito superior. A mais conhecida destas será conhecida como a técnica do quadrado.

Uma das mais curiosas notas da batalha, é que embora as forças de Castela tenham sofrido perdas muito elevadas, principalmente com muitos mortos entre a cavalaria pesada (que era a força castelhana mais importante) do lado português não ocorreu uma única morte, nem se registaram feridos.

Este facto só por si, para a realidade da Idade Média era já de si importante, porque para um ambiente extremamente condicionado pela religião, a não existência de mortos ou feridos era vista como um prova de que o lado Português tinha o apoio de Deus.

Batalha de Aljubarrota

A Batalha de Aljubarrota marca o momento decisivo da guerra luso-castelhana de 1384-1397. Depois de levantar o cerco de Lisboa, D. João I de Castela voltou a reunir as suas tropas para tentar de novo conquistar Portugal. A 13 de Agosto os Castelhanos chegavam a Leiria, adiando o encontro com as tropas de D. João I de Portugal para o dia 14.

Nuno Álvares Pereira ao ver a superioridade numérica dos Castelhanos, fez rapidamente inverter as suas frentes de batalha, posicionando-as na estrada de Leiria para Lisboa. As tropas portuguesas, embora militarmente pior equipadas, conseguiram derrotar os Castelhanos graças ao excelente comando e às tácticas indicadas pelo Condestável Nuno Álvares.

Durante três dias a hoste portuguesa manteve-se no campo de Aljubarrota, em sinal de vitória, segundo o espírito cavaleiresco da época.

A Batalha de Aljubarrota marca o momento decisivo da guerra luso-castelhana de 1384-1397. Depois da invasão castelhana que cercou Lisboa ter retirado em virtude da peste, D. João I de Castela voltou a reunir as suas tropas para tentar de novo conquistar o nosso país, contando então com o apoio de várias praças e castelos que ainda lhe obedeciam.


Batalha de Aljubarrota
De facto, o Rei de Portugal, recém aclamado nas Cortes de Coimbra (Março de 1385), ainda em Julho tentava conquistar Torres Novas e Alenquer, enquanto os Castelhanos atravessaram a fronteira da Beira e se dirigiram sobre Coimbra, que não tentaram conquistar, prosseguindo depois para Lisboa. Reunidos em Abrantes, os exércitos de D. João I de Portugal e do Condestável Nuno Álvares Pereira, decidiram, depois da hesitação de alguns, interceptar os invasores. Avançaram, pois, até Tomar e Porto de Mós, ao mesmo tempo que os Castelhanos chegavam a Leiria.

A 13 de Agosto viram então os portugueses surgir das bandas de Leiria as avançadas castelhanas. Como o sol já declinava e as tropas vinham cansadas, D. João de Castela, doente, numas andas, adiara o ataque para o dia seguinte. E a 14, à vista do acanhado acampamento dos castelhanos, que todo o dia 13 se haviam mantido formados, à torreira do sol, sem comer, determinou o comandante fazer desfilar as suas incontáveis tropas pelo flanco esquerdo da posição, talvez no duplo intuito de os cortar de Lisboa e paralisá-los de terror. 

A orgulhosa parada durou meio dia e assombrou de facto a bisonha peonagem dos concelhos, mal armada, mal defendida nas suas armaduras de ferro. Mas o Condestável observava atentamente a manobra castelhana e, sem se abalar, fez rapidamente inverter as suas frentes de batalha «de como as tinha ordenado com as costas para Leiria e as tornou contra onde estavam seus inimigos», posicionando-as na estrada de Leiria para Lisboa, por Alcobaça, entre dois ribeiros a sul da Cavalaria.


Segundo os melhores cálculos, o condestável dispunha de 1700 lanças, 800 besteiros e 4000 peões, ao todo 6500 homens, fortemente concentrados na sua posição, admiravelmente guarnecida.

Os castelhanos traziam 5000 lanças, entre as quais muitos cavaleiros gascões e franceses, 2000 cavalos, 8000 besteiros e 15000 peões, num total de 30000 homens, com 700 carroças, milhares de animais carregando mantimentos e munições, 8000 cabeças de gado e muitos pajens e outra gente de serventia. 

Tão extenso e desordenado era este comboio que ainda a cauda da coluna vinha a léguas de distância quando a arrogante cavalaria da vanguarda se defrontou com os Portugueses. Infatigável, atendendo a tudo, o condestável dispôs as suas forças em três alas, com uma forte reserva à retaguarda. A vanguarda, de 600 lanças, alinhava-se agora com a frente para o sul, em torno do pendão do condestável, a meio da charneca, terreno pouco acidentado, igualmente vantajoso para ambas as partes. A ala esquerda da nova posição era a célebre ala dos namorados, comandada por Mem Rodrigues e Rui Mendes de Vasconcelos, 200 lanças de cavaleiros todos moços valorosos.

Nuno Alvares Pereira

Na ala direita, comandada por António Vasques, formavam 200 homens de armas, entre os quais os famosos arqueiros ingleses assoldados em Londres. As 700 lanças de reserva à retaguarda, comandadas pelo rei, mantinham-se interiormente em ligação com a vanguarda por uma dupla manga de peões e de besteiros. Por todo o campo ondulavam os balsões e insígnias dos cavaleiros, a bandeira verde da ala dos namorados, o pendão real das quinas e castelos, o estandarte branco e piedoso do condestável. 

O curral do parque, com os pajens, cavalos, armaduras e toda a bagagem da hoste, ficara estabelecido à retaguarda da reserva, bem guarnecida também por besteiros e homens de pé, que não só defendiam a carriagem, como apoiavam os flancos da reserva contra eventuais surpresas. Já o sol baixava a poente, quando as trombetas de Castela soaram na tarde cálida.

A batalha começou pelo estrondear das catapultas, que nos portugueses causou certo espanto. Mas, a artilharia tosca, de pedra, rebentou aos primeiros tiros, matando alguns dos próprios artilheiros. Refeita da primeira hesitação, a vanguarda de Nuno Álvares Pereira pôs-se em marcha, vagarosamente, consoante as instruções recebidas. Entretanto, nos seus cavalos de guerra, a extensa frente de batalha castelhana avançava um tanto desordenada, apoiada pelo tiroteio dos besteiros, ameaçando envolver a escassa frente portuguesa.

Mas os cavaleiros castelhanos, surpreendidos por verem os portugueses apeados, começaram a encurtar as suas lanças para as tornar mais manejáveis; o que lhes deteve o ímpeto e fez assim oscilar toda a linha, reduzindo-lhes a frente e deixando para trás os extremos, que se misturaram aos cavaleiros da retaguarda.

Assim se formou, em massa profunda, uma espécie de cunha, cujo choque foi tão violento, que toda a vanguarda portuguesa vacilou, rompeu ao centro, e, flectindo em ambos os lados, deixou penetrar pela brecha no seu campo quase toda a cavalaria da vanguarda inimiga. Desligadas, perplexas, à espera de ordens, as duas alas castelhanas não se moveram para reforçar o ataque. 

Ao mesmo tempo, na frente portuguesa, com admirável coesão, as duas linhas quebradas tornaram-se a fechar sobre si mesmas, reconstituindo a face do quadrado e cortando a frente da retaguarda inimiga; e enquanto da nossa ala direita os arqueiros ingleses flechavam tranquilamente os cavaleiros castelhanos entrados no nosso campo, a ala dos namorados acometia-os do seu lado com brava fúria. Imediatamente el-rei D. João, avançando com a sua reserva de 700 lanças, vinha acabar de esmaga-los entre a sua massa e a ala dos namorados.

Mais perplexas, pela unidade do ataque e pela incompreensão do que se passava, a retaguarda e uma das alas castelhanas recuaram logo, emaranhando-se nas suas próprias bagagens, produzindo maior confusão e um pânico súbito, que alastrou logo por todo o campo. Foi o próprio rei o primeiro a dar o exemplo, fugindo com a sua escolta para Santarém que ainda se lhe mantinha fiél.

Os portugueses redobraram então de energia e precipitaram o espantoso desbarato de tão orgulhosa e poderosa hoste. Somente o Mestre de Alcântara fez ainda um desesperado esforço para evitar a vergonhosa derrota.

Com a sua cavalaria fez um largo rodeio pela direita para atacar, à retaguarda, a peonagem do rei D. João; mas, a essa altura, já o condestável, vitorioso, pode acorrer com a sua cavalaria aos seus peões e animá-los a repelir o tardio ataque. 

Falhado esse último golpe, o terror e o desbarato dos castelhanos tornaram-se indescritíveis. À excepção do corpo de cavalaria, que retirou logo para Santarém, o resto, mesmo as duas alas que podiam ter coberto a retirada, abalaram em fuga desordenada por todo o campo. Fizeram-se milhares de prisioneiros, tomou-se toda a bagagem, o despojo foi magnifico. E tudo se resolvera em pouco mais de meia hora.

Chegado alta noite a Santarém, D. João de Castela nem aí se sentiu seguro e veio logo rio abaixo até Lisboa, onde embarcou numa galé da frota, para Sevilha. Durante três dias a hoste portuguesa manteve-se no campo de Aljubarrota, em sinal de vitória, segundo o espírito cavaleiresco da época.

A enorme derrota desmoralizou fortemente o inimigo, e principalmente aqueles que ainda resistiam em cidades portuguesas, fazendo que, a partir daí, as operações militares se reduzissem quase só às zonas de fronteira. É claro que o ambiente de contradições que ainda reinava no nosso país levava a que os partidários de D. João I acentuassem vivamente o triunfo e o considerassem como sinal de protecção divina, fazendo do acontecimento motivo de propaganda. De facto, a descrição da batalha por Fernão Lopes e a construção do Mosteiro da Batalha mostram bem o aproveitamento ideológico que dele se fez.

A Padeira de Aljubarrota

Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota, foi uma figura lendária e heroína portuguesa, cujo nome anda associado à vitória dos portugueses, contra as forças castelhanas, na batalha de Aljubarrota (1385). Com a sua pá de padeira, teria morto sete castelhanos que encontrara escondidos num forno.

A lenda

Brites de Almeida teria nascido em Faro, em 1350, de pais pobres e de condição humilde, donos de uma pequena taberna. A lenda conta que desde pequena, Brites se revelou uma mulher corpulenta, ossuda e feia, de nariz adunco, boca muito rasgada e cabelos crespos. Estaria então talhada para ser uma mulher destemida, valente e, de certo modo, desordeira.

Teria 6 dedos nas mãos, o que teria alegrado os pais, pois julgaram ter em casa uma futura mulher muito trabalhadora. Contudo, isso não teria sucedido, sendo que Brites teria amargurado a vida dos seus progenitores, que faleceriam precocemente. Aos 26 anos ela estaria já órfã, facto que se diz não a ter afligido muito.



Vendeu os parcos haveres que possuía, resolvendo levar uma vida errante, negociando de feira em feira. Muitas são as aventuras que supostamente viveu, da morte de um pretendente no fio da sua própria espada, até à fuga para Espanha a bordo de um batel assaltado por piratas argelinos que a venderam como escrava a um senhor poderoso da Mauritânia.

Acabaria, entre uma lendária vida pouco virtuosa e confusa, por se fixar em Aljubarrota, onde se tornaria dona de uma padaria e tomaria um rumo mais honesto de vida, casando com um lavrador da zona. Encontrar-se-ia nesta vila quando se deu a batalha entre portugueses e castelhanos. Derrotados os castelhanos, sete deles fugiram do campo da batalha para se albergarem nas redondezas. Encontraram abrigo na casa de Brites, que estava vazia porque Brites teria saido para ajudar nas escaramuças que ocorriam.
Brites no Forno
Quando Brites voltou, tendo encontrado a porta fechada, logo desconfiou da presença de inimigos e entrou alvoroçada à procura de castelhanos. Teria encontrado os sete homens dentro do seu forno, escondidos. Intimando-os a sair e a renderem-se, e vendo que eles não respondiam pois fingiam dormir ou não entender, bateu-lhes com a sua pá, matando-os. Diz-se também que, depois do sucedido, Brites teria reunido um grupo de mulheres e constituido uma espécie de milícia que perseguia os inimigos, matando-os sem dó nem piedade.

Os historiadores possuem em linha de conta que Brites de Almeida se trata de uma lenda mas, assim mesmo, é inegável que a história desta padeira se tornou célebre e Brites foi transformada numa personagem lendária portuguesa, uma heroína celebrada pelo povo nas suas canções e histórias tradicionais.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Henrique o Navegador

Henrique o Navegador

Terceiro filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre , o Infante D. Henrique nasceu em 4 de Março de 1934 cidade do Porto. Com os irmãos, formou uma das mais esclarecidas proles da história portuguesa, celebrada na literatura romântica com o epíteto de Ínclita Geração.

A primeira grande empresa do infante foi a participação na conquista de Ceuta, em 1415, onde foi armado cavaleiro. Feito duque de Viseu nesse mesmo ano, a casa senhorial de D. Henrique tornou-se, em poucos anos, uma das mais significativas da sua época, consolidada, em 1418, com a administração da Ordem de Cristo.

Foi um inegável desafogo económico que levou o infante a organizar uma armada de corso, primeiro, e, mais tarde, a exploração do Atlântico: de facto, navios ao seu serviço chegaram pela primeira vez à Madeira (1419), aos Açores (1427) e às costas norte-africanas, dobrando, em 1434, o Cabo Bojador, e vencendo deste modo os medos ancestrais relacionados com aquelas paragens longínquas. 

Após um breve período de interregno, marcado pela funesta expedição a Tânger, onde perdeu a vida seu irmão, o infante D. Fernando, as viagens de exploração retomaram, em 1441, o seu ritmo inicial, atingindo-se a Guiné e o arquipélago de Cabo Verde. 

Animado certamente por um espírito militante e voluntarioso de missionação, o infante D. Henrique buscava também o alargamento dos seus proventos e de novos mercados, uma estratégia que tanto agradava à pequena nobreza senhorial como à burguesia emergente. 

Os seus interesses científicos, muito discutidos, não foram meramente instrumentais, tendo mesmo patrocinado a introdução de uma cátedra de Astronomia na Universidade de Lisboa e diversa produção cartográfica de apoio às navegações, embora não com o espírito sistemático que lhe atribuiu a tradição. Em Sagres, onde se recolhia regularmente e onde foi escrito o seu derradeiro testamento veio a morrer a 13 de Novembro de 1460.

Conquista de Ceuta

Em 1414, convenceu seu pai a montar a campanha para a conquista de Ceuta, na costa norte-africana junto ao estreito de Gibraltar. A cidade foi conquistada em Agosto de 1415, assegurando ao reino de Portugal o controlo das rotas marítimas de comércio entre o Atlântico e o Levante. Na ocasião foi armado cavaleiro e recebeu os títulos de Senhor da Covilhã e duque de Viseu.




A 18 de Fevereiro de 1416, foi encarregado do governo de Ceuta. Cabia-lhe organizar, no reino, a manutenção daquela praça-forte em Marrocos.

Em 1418, regressou a Ceuta na companhia de D. João, seu irmão mais novo. Os infantes comandavam uma expedição de socorro à cidade, que sofreu nesse ano o primeiro grande cerco, imposto conjuntamente pelas forças dos reis de Fez e de Granada. O cerco foi levantado, e D. Henrique tentou de imediato atacar Gibraltar, mas o mau tempo impediu-o de desembarcar: manifestava-se assim uma vez mais a temeridade e fervor antimuçulmano do Infante.

Ao regressar a Ceuta recebeu ordens de seu pai para não prosseguir tal empreendimento, pelo que retornou para o reino nos primeiros meses de 1419. Aprestou por esta época uma armada de corso, que atuava no estreito de Gibraltar a partir de Ceuta. Dispunha assim de mais uma fonte de rendimentos e, desse modo, muitos dos seus homens habituaram-se à vida no mar. Mais tarde, alguns deles seriam utilizados nas viagens dos Descobrimentos.

A Ordem de Cristo

O cargo de mestre passara após 1417 a ser exercido por membros da Casa Real, que se passaram a nomear administradores e governadores por nomeação papal.

O primeiro foi o infante D. Henrique, «que a encaminhou para o que parecia ser sua «missão» inicial, a de conquista da Ásia, através das viagens marítimas, que a própria ordem financiou.»2

O Mosteiro de Leça do Balio 
Os ideais da expansão cristã reacenderam-se no século XV quando seu Grão-Mestre, Infante D. Henrique, investiu os rendimentos da Ordem na exploração marítima. O emblema da ordem, a Cruz da Ordem de Cristo, adornava as velas das caravelas que exploravam os mares desconhecidos.

O resultado disso é que em 1454 e 1456, através de bulas do Papa Nicolau Ve do Papa Calisto III respectivamente, é concedido ou dada obrigação à Ordem de Cristo de estabelecer o direito espiritual sobre todas as terras descobertas, como territórios nullius diocesis, sendo sua sede diocesana a Igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar.

Cronologia do Infante D. Henrique

1394: Quinto filho d’el-Rei D. João I e de D. Filipa de Lencastre, nasce a 4 de Março na cidade do Porto -

1408: O pai doa-lhe casa com rendas próprias e bons servidores. -

1415: Atingida pela peste, morre D. Filipa de Lencastre. O Infante D. Henrique distingue-se na batalha da conquista de Ceuta, no norte de África; nessa mesma praça é armado cavaleiro. -

1416: O Infante D. Henrique recebe o ducado de Viseu e o senhorio da Covilhã. -

1418:. É descoberta a ilha de Porto Santo (Madeira). -

1419: O Infante D. Henrique chefia força portuguesa que obriga exército mouro a abandonar o cerco a Ceuta. -

1420: O Infante D. Henrique é nomeado regedor da Ordem de Cristo. Por sua indicação, Bartolomeu Perestrelo povoa a ilha de Porto Santo. O Infante D. Henrique congemina o “Plano das Índias”: localizar, alcançar e fazer aliança com o misterioso Preste João das Índias para se atacar a moirama pela retaguarda. Contrata Jaime de Maiorca, famoso cosmógrafo e cartógrafo catalão. -

1421: Criação da diocese de Ceuta. -

1424: D. Fernando de Castro comanda expedição às Canárias. -

1425(?): Início da colonização da Madeira. -

1426: Gonçalo Velho dobra o Cabo Não (África ocidental) -

1427: Descobrimento das ilhas do centro e leste do arquipélago dos Açores. -

1431: O Infante D. Henrique é nomeado protector da Universidade. -

1433: Morre D. João I e D. Duarte sobe ao trono. O novo monarca doa ao Infante D. Henrique o arquipélago da Madeira. -

1434: Gil Eanes dobra o Cabo Bojador (África ocidental), ao sul do qual, diziam as lendas do Mar Tenebroso, era impossível manter-se a vida. -

1436: A 50 léguas ao sul do Bojador, Afonso Gonçalves Baldaia descobre o Rio do Ouro. É promulgada a bula que autoriza a guerra contra os Infiéis, em Marrocos. O Papa reconhece o direito de Castela à posse das Canárias. -

1437: Contra o parecer do Infante D. Pedro, mas aprovada por el-Rei D. Duarte, os Infantes D. Henrique e D. Fernando chefiam expedição portuguesa para a conquista de Tânger; desastre militar e o Infante D. Fernando é aprisionado pelos mouros e levado para o cativeiro. -

1438: Morre D. Duarte, deixando herdeiro menor de idade, o futuro D. Afonso V; a viúva d’el-Rei, D. Leonor de Aragão, assume a regência; devido à contestação popular (mulher e estrangeira...), será depois substituída pelo Infante D. Pedro, irmão de D. Duarte. -

1439: Início do povoamento dos Açores. -

1440: Tristão Vaz Teixeira é nomeado primeiro capitão-donatário da Madeira (Machico). -

1441: Por esta data, é projectado e começa a ser construído no Algarve um novo tipo de navio, a caravela. É alcançado o Cabo Branco, ao sul do Sahara. São desembarcados no Reino os primeiros cativos negros caçados em África. -

1443: Em Fez, morre no cativeiro D. Fernando, o Infante Santo. O Infante D. Pedro concede ao seu irmão D. Henrique o monopólio de navegação, guerra e comércio nas terras ao sul do Bojador. Nuno Tristão alcança a ilha de Arguim, onde os árabes mantêm um mercador regular de escravos e produtos ricos; o Infante D. Henrique manda ali construir uma fortaleza-feitoria. -

1444: Álvaro Fernandes dobra o Cabo Verde (cabo na costa africana, não o arquipélago que virá a ter o mesmo nome). -

1445: Dinis Dias alcança a foz do rio Senegal. João Fernandes, falando perfeitamente o árabe, percorre o Sudão e alcança Timboctu, centro das caravanas do deserto portadoras das mercadorias preciosas do Oriente e da África. Descoberta do arquipélago dos Bijagós, na costa da Guiné. -

1446: O regente Infante D. Pedro promulga as Ordenações Afonsinas. Nuno Tristão sobe um rio da Guiné (talvez o Barbaci), sendo atacado e morto pelos indígenas. D. Afonso V alcança a maioridade. O Infante D. Henrique doa a capitania de Porto Santo a Bartolomeu Perestrelo. -

1448: Em litígio com o regente Infante D. Pedro, D. Afonso V assume o poder. -

1449: Na batalha de Alfarrobeira (perto de Alverca) o exército de D. Afonso V liquida o Infante D. Pedro e a maioria dos seus partidários. -

1450: Gomes Eanes de Zurara sucede a Fernão Lopes no cargo de cronista régio e escreve a Crónica da Tomada de Ceuta (data provável). -

1452: Diogo de Teive descobre as ilhas de Flores e Corvo (grupo ocidental dos Açores). -

1453: Os Turcos tomam Constantinopla, toda a Cristandade sente-se ameaçada com a expansão do Islamismo. Zurara escreve a Crónica da Conquista da Guiné (data provável). -

1455: Bula do Papa Nicolau V concedendo aos reis de Portugal a propriedade exclusiva das terras e mares já conquistados ou por conquistar, possuídos ou a possuir. Em Lagos o Infante D. Henrique funda a feitoria de tratos de Arguim. -

1456: Cadamosto descobre algumas das ilhas do arquipélago de Cabo Verde. -

1458: Com a participação do Infante D. Henrique, os portugueses conquistam Alcacer-Ceguer aos mouros. -

1459: O Infante D. Henrique entrega a capitania do Funchal a Gonçalves Zarco. -

1460: A 13 de Novembro, na sua vila de Sagres, morre o Infante D. Henrique.