sexta-feira, 19 de julho de 2013

Os portugueses chegam `China e ao Japão

As primeiras relações com a China

As primeiras referências

As primeiras referências à China num documento português remontam a 1508 e estão contidas no regimento de viagem dado a Diogo Lopes de Sequeira. A missão do fidalgo consistia em descobrir o entreposto marítimo - comercial de Malaca. 

Mas, pedia-se-lhe, em simultâneo, que tentasse averiguar quem eram os chineses, qual era o seu poderio e que tipo de produtos negociavam.

Foi, precisamente, na sequência da conquista de Malaca por Afonso de Albuquerque que os portugueses atingiram, pela primeira vez, a China em 1513. Fizeram-no a bordo de um barco asiático, integrados numa expedição comercial. O seu chefe de fila era Jorge Álvares, que conseguiu negociar favoravelmente.

A primeira armada oficial chegou a Cantão em 1517, sob o comando de Fernão Peres de Andrade, que também fez bons negócios. Descobriu-se, todavia, que a região estava infestada de piratas e que, devido ao sistema das monções, era impossível explorar o resto do Extremo - Oriente sem uma base permanente.


Mapa da Ástia - 1580

Os portugueses instalam-se em Liampó

Embora a perseguição aos portugueses se tivesse tornado a política oficial do Império Chinês, muitos havia que, a título pessoal, continuaram a deslocar-se, regularmente, para lá, na mira de bons negócios. Eram, pois, autênticos aventureiros, que arriscavam a vida por enfrentarem tanto as autoridades locais como os tufões. Os portugueses tiveram, no entanto, capacidade para jogar com os interesses comerciais de algumas populações costeiras, circunstância que os levou a conseguir um estabelecimento fixo, no ano de 1542, em Liampó.

Ao contrário de Cantão, localizada no sul e inserida na província de Kwang Tung, Liampó pertencia a uma província setentrional, a do Fukien. Em virtude desta localização e do maior raio de acção que era proporcionado pela base, não surpreende que aventureiros portugueses tenham desembarcado no Japão em 1543, desempenhando a partir daí o papel de intermediários nas relações comerciais entre a China e o Império do Sol Nascente, que estavam oficialmente interrompidas por motivos político-diplomáticos.

Desentendimentos com os chineses de Liampó acabaram por acarretar a expulsão dos portugueses em 1545. Fixaram-se, de seguida, em Chinchéu, de onde também foram despedidos em 1548. Porém, os portugueses dispunham então de um forte estímulo - o rico comércio que levavam a cabo entre a China e o Japão, baseado na troca de sedas e porcelanas por prata - pelo que regressaram às imediações de Cantão para negociarem clandestinamente.

Desperto para a importância desse tráfico, o Estado Português da Índia decretou o monopólio sobre a viagem ao Japão, em 1550. O modelo escolhido traduziu-se na concessão anual da viagem a um particular, medida que se revelou um sucesso porque os interessados disputavam esse benefício e teve o condão de ordenar o comércio. Uma armada, capitaneada por Leonel de Sousa, permaneceu ainda no mar da China, entre 1552 e 1554, com o intuito de disciplinar os aventureiros portugueses e alcançar um entendimento com os dignitários chineses. 

Os portugueses instalam-se em Macau

O capitão conseguiu varrer a pirataria que infestava a zona de Cantão. As autoridades locais chinesas apreenderam então quão importantes eram os portugueses não só para manterem os piratas à distância, mas também para dinamizarem o comércio e, por conseguinte, a economia das províncias costeiras. Neste contexto, foi firmado um acordo, à revelia da corte imperial chinesa, o qual acabou por permitir que os portugueses se instalassem, definitivamente, em Macau, por volta do ano de 1557.

Chegada dos Portugueses ao Japão

Os portugueses chegaram ao Japão em meados do século XVI, tendo sido relativamente bem recebidos. Estabeleceram-se desde logo relações comerciais entre os dois povos, nomeadamente a troca da seda chinesa por prata japonesa. Foi através dos portugueses que os japoneses conheceram as armas de fogo e o tabaco, enquanto produto medicinal. Em 1550, o monopólio das viagens ao Japão passara a pertencer às autoridades portuguesas de Goa.

Houve também uma forte relação cultural entre estes dois povos, nomeadamente na assimilação de hábitos e costumes. Foi S. Francisco Xavier que iniciou a missionação no Japão em 1549, tendo os Jesuítas uma influência na conversão de milhares de japoneses à fé cristã.


Com a chegada dos franciscanos ao Japão começou a existir uma rivalidade entre estes e os jesuítas, o que degradou a imagem da religião cristã no Japão. Este confronto entre as duas ordens e a chegada dos holandeses levaram ao agravamento da situação dos portugueses no Japão. Os holandeses conspiravam junto dos governantes japoneses contra os portugueses.

Em 1614, os missionários portugueses foram expulsos do Japão, com uma perseguição aos cristãos japoneses. Em 1639, os portugueses foram definitivamente expulsos do Japão.

O Japão era conhecido desde o tempo de Marco Polo, que lhe chamou Cipango. Mas foram efetivamente os portugueses os primeiros europeus a chegar ao Japão. Põe-se ainda hoje a questão de saber quem foram esses primeiros portugueses: se Fernão Mendes Pinto (autor de Peregrinação) fazia parte deles, ou se foram António Peixoto, António da Mota e FranciscoZeimoto. 

O que é certo é que comerciantes portugueses desde logo começaram a negociar com o Japão. A partir de 1550, o comércio como Japão passou a ser um monopólio, sob chefia de um capitão-mor.Como em 1557 os portugueses se estabeleceram em Macau, na China,isso vai ajudar o comércio com o Japão, principalmente de prata. 

Os missionários desde o início vão entrar também no Japão. É em 1549 que chegam os primeiros, entre eles São Francisco Xavier, que progressivamente vão penetrando pelo Japão, chegando a Nagasáqui em 1569, que foi doada aos Jesuítas em 1580. 


E entre 1582 e 1590 realiza-se a primeira embaixada do Japão à Europa. Em 1587 dá-se uma reviravolta na posição de proteção aos missionários, sendo os Jesuítas expulsos. 

O contacto entre as duas civilizações deixou marcas duradouras. A língua portuguesa foi, no início, o meio de comunicação dos estrangeiros com o Japão. 

Ainda hoje há inúmeros vocábulos deorigem portuguesa. Foi com os portugueses que entrou no Japão aimprensa de tipos metálicos, sendo um missionário português quem escreveu a primeira gramática da língua japonesa. 

Foram também osportugueses que introduziram no Japão as armas de fogo, além de novos conhecimentos nos domínios da medicina, astronomia, matemática, além de ensinarem a arte da navegação dos portugueses.



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